Na Bíblia, muitas pessoas se envolveram com ofertas e dízimos, tanto em contextos de adoração a Deus quanto em relação a questões de administração financeira dentro do povo de Israel.
Vamos analisar as principais passagens e pessoas que se envolveram com ofertas e dízimos, destacando o que a Bíblia ensina sobre cada um desses momentos.
1. Abel e Caim – A Primeira Oferta
No início, a Bíblia fala de Caim e Abel, os filhos de Adão e Eva, oferecendo suas ofertas a Deus. Em Gênesis 4:3-5, vemos a primeira menção de ofertas.
- Gênesis 4:3-5:
"Ao cabo de dias, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. O Senhor se agradou de Abel e da sua oferta, mas de Caim e de sua oferta não se agradou."
Aqui, Deus rejeitou a oferta de Caim porque foi uma oferta superficial, enquanto Abel ofereceu o melhor de sua colheita, o que mostra a importância de dar a Deus o que há de melhor.
2. Abraão – A Oferta de Melquisedeque
Abraão fez uma oferta a Melquisedeque, o rei de Salém, que era também sacerdote do Deus Altíssimo. Este ato é uma das primeiras menções de dízimos.
- Gênesis 14:18-20:
"Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho. E abençoou Abraão, dizendo: Bendito seja Abraão, pelo Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os seus inimigos nas tuas mãos. E Abraão deu-lhe o dízimo de tudo."
Abraão deu o dízimo (10%) do que havia ganho na batalha a Melquisedeque, mostrando a prática do dízimo como uma forma de reconhecimento da soberania de Deus.
3. Jacó – O Dízimo Prometido
Jacó, filho de Isaque, também fez uma promessa de dízimo a Deus em um sonho.
- Gênesis 28:20-22:
"E fez Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e roupa para vestir, e eu em paz voltar à casa de meu pai, então o Senhor será o meu Deus. E esta pedra que tenho posto por coluna será a casa de Deus; e de tudo o que me deres, certamente eu te darei o dízimo."
Aqui, Jacó faz um voto de dar o dízimo como uma resposta ao cuidado e proteção de Deus em sua vida.
4. Moisés e a Lei do Dízimo
Moisés recebeu a Lei de Deus, que inclui a ordenança de que os israelitas deveriam dar dízimos para sustentar os levitas, que não tinham herança territorial, e também para manter o templo.
- Levítico 27:30:
"E todo o dízimo da terra, seja da semente da terra, seja do fruto das árvores, é do Senhor; é consagrado ao Senhor."
- Números 18:21-24:
"Eis que tenho dado aos filhos de Levi todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam no tabernáculo da congregação."
O dízimo aqui é estabelecido como um meio de sustentar os sacerdotes e levitas que serviam no tabernáculo e, mais tarde, no templo.
5. O Rei Ezequias – Restaurando o Dízimo
Durante o reinado de Ezequias, o dízimo foi restaurado como uma prática importante para sustentar o templo e os sacerdotes.
- 2 Crônicas 31:4-6:
"E ordenou ao povo que morava em Jerusalém que desse a parte que cabia aos sacerdotes e aos levitas, para que se esforçassem na lei do Senhor. E a partir de então, em abundância, o povo de Israel trouxe os dízimos, e os sacerdotes e levitas estavam sendo bem cuidados."
Este versículo mostra que o rei Ezequias, ao restaurar o templo e os serviços do templo, também restaurou a prática de dar os dízimos.
6. O Profeta Malaquias – A Exortação ao Dízimo
Malaquias traz uma importante exortação sobre os dízimos e ofertas, condenando o povo de Israel por roubá-lo e ensinando sobre a bênção de dar a Deus.
- Malaquias 3:8-10:
"Roubará o homem a Deus? Contudo, vós me roubais. E dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja alimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abundância."
Malaquias destaca que Deus abençoará abundantemente aqueles que forem fiéis no dízimo e nas ofertas.
7. Jesus e os Dízimos
No Novo Testamento, Jesus fala sobre os dízimos, mas também critica a atitude do coração em relação à prática. Ele ensina que o mais importante não é apenas dar, mas a sinceridade do coração.
- Mateus 23:23:
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e haveis negligenciado o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Deveis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas."
Aqui, Jesus ensina que, embora o dízimo seja importante, não devemos negligenciar as questões de justiça, misericórdia e fé.
- Lucas 11:42:
"Mas ai de vós, fariseus, que dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Estes é que devíeis fazer, sem omitir aqueles."
Jesus reafirma a importância de dar, mas enfatiza que a verdadeira justiça e o amor de Deus devem ser prioridades.
8. Paulo e a Generosidade
Embora Paulo não fale especificamente sobre o dízimo, ele ensina sobre a generosidade no contexto da doação para a obra de Deus e o cuidado dos necessitados.
- 2 Coríntios 9:6-7:
"Lembrai-vos: quem semeia pouco, pouco também ceifará; e quem semeia com fartura, com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza, nem por necessidade, porque Deus ama a quem dá com alegria."
Paulo ensina que a doação deve ser voluntária, alegre e generosa, sem a obrigatoriedade legal do dízimo, mas com um espírito de generosidade.
Conclusão
A Bíblia apresenta diversas figuras e situações em que ofertas e dízimos são mencionados. Desde a oferta de Abel até as instruções de Paulo sobre a generosidade, vemos que a prática de dar a Deus é uma expressão de fé, obediência e reconhecimento de Sua soberania. A Bíblia ensina que devemos dar com o coração correto — com gratidão, alegria e sem intenção de se vangloriar ou de ser vistos pelos outros. A generosidade, seja através de dízimos ou ofertas, é uma expressão de nossa devoção a Deus.