Na Bíblia, várias pessoas e líderes tiveram responsabilidade sobre os dízimos e ofertas, seja para administrar as contribuições, como sustentar os levitas e sacerdotes ou para cumprir os mandamentos de Deus. A seguir, veremos relatos de algumas dessas pessoas e suas responsabilidades em relação aos dízimos e ofertas.
1. Melquisedeque - O Rei e Sacerdote
Em Gênesis, encontramos a primeira menção de dízimos sendo entregues por Abraão a Melquisedeque, o sacerdote do Deus Altíssimo. Ele não era um sacerdote levítico, mas uma figura importante que prefigura a obra de Cristo.
- Gênesis 14:18-20:
"Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho. E abençoou Abraão, dizendo: Bendito seja Abraão, pelo Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abraão deu-lhe o dízimo de tudo."
Abraão reconheceu a autoridade de Melquisedeque e deu a ele o dízimo de tudo o que havia conquistado na batalha. Essa prática de dar o dízimo a um líder espiritual continua em várias partes da Bíblia.
2. Moisés e os Levitas - Administradores do Dízimo
Com a instituição da Lei dada por Deus a Moisés, os dízimos passaram a ser uma parte integral da vida do povo de Israel. O dízimo era destinado aos levitas, que não possuíam herança entre as tribos de Israel, pois eles estavam encarregados dos serviços do Tabernáculo e do Templo.
- Números 18:21-24:
"Eis que tenho dado aos filhos de Levi todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam no tabernáculo da congregação. De agora em diante, os filhos de Israel não se aproximarão mais do tabernáculo da congregação, para não levarem sobre si o pecado e a morte. Mas os levitas, que prestarão serviço no tabernáculo da congregação, tomarão os dízimos dos filhos de Israel como herança; por isso, lhes dei os dízimos."
Neste trecho, Moisés instruía os israelitas a dar os dízimos aos levitas como forma de sustentá-los em sua missão sacerdotal. Os levitas, por sua vez, entregavam uma parte dos dízimos que recebiam ao sacerdote Arão, que era o sumo sacerdote.
3. Rei Ezequias - Restaurando o Dízimo e a Adoração
O rei Ezequias foi um grande reformador de Israel. Ele restabeleceu a prática do dízimo como parte da reforma religiosa e espiritual no reino de Judá.
- 2 Crônicas 31:4-6:
"E ordenou ao povo que morava em Jerusalém que desse a parte que cabia aos sacerdotes e aos levitas, para que se esforçassem na lei do Senhor. E o povo de Israel trouxe os dízimos, e os sacerdotes e levitas foram bem cuidados."
Ezequias reinstituiu o dízimo com a intenção de manter o serviço de adoração no Templo e garantir que os sacerdotes e levitas não ficassem sem sustento. Ele reconheceu a importância de sustentar a obra de Deus por meio do dízimo.
4. Neemias - Recolhendo o Dízimo e Ofertas para o Templo
Neemias também foi um líder que se envolveu diretamente na administração dos dízimos e ofertas, especialmente quando o povo de Israel estava voltando do exílio e restaurando o Templo.
- Neemias 10:38-39:
"E o sacerdote, filho de Aarão, estará com os levitas, quando os levitas tomarem os dízimos, e os levitas trarão o dízimo dos dízimos à casa do nosso Deus, à câmara da casa do tesouro. Porque os filhos de Israel e os filhos de Levi trarão a contribuição do grão, do vinho e do azeite às câmaras, onde estão os utensílios do santuário e os sacerdotes que ministram, e os porteiros e os cantores. E não desampararemos a casa do nosso Deus."
Neemias instituiu uma ordem para que o povo contribuísse fielmente com os dízimos e ofertas para o sustento do Templo e do serviço de Deus.
5. Jesus - A Perspectiva Sobre as Ofertas e Dízimos
Jesus falou sobre o dízimo, mas também advertiu sobre a atitude do coração ao dar. Ele criticou os fariseus e escribas que, embora entregassem rigorosamente seus dízimos, negligenciavam a justiça, a misericórdia e a fidelidade.
- Mateus 23:23:
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e haveis negligenciado o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Deveis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas."
Jesus reafirma a importância do dízimo, mas enfatiza que a prática deve vir acompanhada de atitudes de justiça e misericórdia.
- Lucas 21:1-4:
> "E, levantando os olhos, viu os ricos lançando suas ofertas na caixa do tesouro. E viu também uma viúva pobre lançar ali dois leptos, que equivem a um quadrante. E disse: Em verdade vos digo que esta viúva pobre lançou mais do que todos; porque todos estes deram da sua abundância, mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu sustento."
Aqui, Jesus elogia a oferta sacrificial da viúva, mostrando que o valor da oferta não está na quantia, mas na disposição do coração.
6. Paulo - A Generosidade no Novo Testamento
No Novo Testamento, o apóstolo Paulo também falou sobre ofertas e dízimos, mas o enfoque foi sobre a generosidade e a disposição do coração ao contribuir para a obra de Deus.
- 2 Coríntios 9:6-7:
"Lembrai-vos: quem semeia pouco, pouco também ceifará; e quem semeia com fartura, com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza, nem por necessidade, porque Deus ama a quem dá com alegria."
Paulo ensina que a doação deve ser feita de coração alegre, e não por obrigação ou pressão. A generosidade é um reflexo do coração do doador.
7. A Igreja Primitiva - A Prática de Compartilhar
Na Igreja primitiva, os cristãos davam ofertas para garantir que todos fossem cuidados e que o evangelho fosse espalhado. A prática de dar foi um reflexo do amor e da unidade na comunidade cristã.
- Atos 4:34-35:
"Porque não havia entre eles necessitado algum; porquanto todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que venderam e o depositavam aos pés dos apóstolos; e era distribuído a cada um, conforme a necessidade que cada um tinha."
Embora o dízimo não seja especificamente mencionado, a ideia de dar generosamente e com um espírito de cuidado mútuo é claramente evidenciada.
Conclusão
Ao longo da Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, vemos a prática do dízimo e da oferta como uma forma de sustentar a obra de Deus e os líderes espirituais. Porém, também é enfatizado que o mais importante é a atitude do coração. Deus valoriza a generosidade, a justiça e a misericórdia mais do que o simples ato de dar. As pessoas que lidaram com dízimos e ofertas, desde Abraão até os apóstolos, sempre foram chamadas a agir com integridade e com a intenção de honrar a Deus com seus bens e recursos.